Clubismo
Ontem dei por mim a gritar golo do Setúbal numa competição da qual não faz parte a minha equipa. Se por um lado a racionalidade devia deixar-me indifirente, por outro, o futebol é tudo menos racional. E por isso vibrei.
Um adepto português que se preze quer sempre que os rivais percam, já estou farto de dizer isso. Ah, e também sofre muito mais com as derrotas do seu clube do que com as da selecção.
Fiquei triste por termos perdido com a França nas meias do mundis, fiquei triste por ir a Lisboa ver Portugal perder com a Grécia, fiquei triste com a mão do Abel Xavier e o chapéu do Poborski, mas nada se compara aquele jogo que vi em Março de 1995 no Estádio das Antas.
O Porto estava nos quartos de final da Taça das Taças, tinha ganho 1-0 em Génova à Sampdoria e recebia os italianos no auge de uma época memorável.
Os jogadores da Samp, treinada por Eriksson, traziam nas mãos a bandeira portuguesa logo no início como forma de seduzir os adeptos. O jogo começou e o Porto a defender, defendeu, defendeu, defendeu até que Lombardo marcou e empatou a eliminatória. Depois atacou, atacou, atacou, com Domingos, Rui Barros, Iuran e acho que até o Baroni jogou.
Na altura, Kulkov tinha partido a clavícula no Funchal e era o tobaguenho Latapy a substituí-lo.
Jogou bastante bem, estava a começar a impor-se na equipa, mas algo fatal iria acontecer.
Prolongamento, penalties pela primeira vez ao vivo em toda a minha vida (à excepção do Torneio Cidade do Porto). Chega o terceiro penalty e fraquinho, muito devagar, Latapy manda ao lado.
Não chorei, mas desesperei ao ver Miguel Esteves Cardoso na Noite da Má Língua entre milhões de línguas de fora dizer apenas: Sampdória.
No dia seguinte acordei pensando que o jogo podia ter sido protestado por um qualquer erro que não tenha visto. Abro O Jogo e nada. Uma derrota e a taça das taças perdida nos quartos.
Esse sim, foi o maior desaire futebolístico da minha vida.
Etiquetas: Fuebol
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