sexta-feira, junho 24, 2005

Deixem-nos




Deixem-nos voltar ao ritual nocturn.o
Deixem-nos regressar ao pó,
viver entre teias de aranha
e improvisar um arquipélago
que se move pela tectónica
de um suspiro.

Deixem-nos
regressar à carne.
A carne das luzes
a carne do palco,
correr pelos corredores
e nunca dormir
para poder sonhar.

Deixem-nos
costurar vidas,
juntando quinze panos
com uma linha de horizonte longínquo
que une todos os pedaços da lua.

Deixem-nos
abraçar.
Porque num abraço condensamos
todos os sentimentos inefáveis
e esquecemos a heteronímia de um grupo

Deixem-nos
ser apenas um ser
disperso pelo universo
mas capaz de unir as mãos
a anos-luz de distância.
E num momento inspirado
GRITAR
expirando a felicidade num só som.

(11/6/2005)