segunda-feira, julho 28, 2003

Palestina

Este blogue é mais literário que político, mas como pretendemos dar liberdade de criação em todos os aspectos, queria tecer umas considerações à situação no Médio Oriente. Francisco José Viegas, no seu blogue, defende a criação do estado Judaico. Como muitas vezes acontece com os defensores da causa israelita, refere as atrocidades que no passado tiraram a vida a milhões de Judeus, como uma das justificações para a criação de um Estado Judaico no local onde se este se encontra na actualidade. Penso que os Judeus merecem, como todos os povos, um estado próprio, ou pelo menos, o direito à auto-determinação. É um povo que tem como suas grandes virtudes as diásporas que fizeram sem nunca perderem raízes, sofrendo perseguições em todos os séculos até ao actual. Mas nenhum povo pode ter mais direitos que outro evocando um passado de sofrimento. O sofrimento de ontem acaba por se estender até hoje, havendo dois povos que acreditam no mesmo Deus a chorar mortes desnecessárias (A morte nunca é necessária). Ambos têm culpa, mas se nos campos de concentração nazis, Judeus Alemães passaram pelo que toda a humanidade recorda para nunca repetir e por outro lado os Judeus Russos foram perseguidos sem piedade anos mais tarde na sua própria Rússia, agora os palestinianos também são perseguidos pelas balas mortíferas de borracha na Palestina e os israelitas pelos homens bomba em Israel. Quando criaram o Estado de Israel deviam ter pensado que não é fácil vivermos numa qualquer casa confortáveis, e de um dia para o outro, sermos expulsos e atirados para o chão da rua por um soldado acabado de chegar de Moscovo ou de São Petersburgo e que apenas Russo sabe falar. Nem Arafat nem Sharon podem dizer que sofreram comparando com um vulgar Palestiniano ou Israelita que não pediu a ninguém para estar sob uma chuva de balas e pedras. Aliás, se não houvessem nem Arafat’s nem Sharon’s, nem funtamentalismos, um israelita e um palestiniano poderiam tomar um café numa qualquer esplanada e falar do jogo de futebol entre o Gaza e o Maccabi, e depois, passeando perto do Muro das Lamentações partilhariam a magia do local sem dizerem uma única palavra. As pessoas não necessitam de saber que o solo em que pisam pertence a um estado ou outro, precisam é de viver bem e em paz, veja-se o caso do País Basco, poucos Bascos apoiam a ETA, mas também poucos Bascos se sentem Espanhois, isto porque vivem bem com os vizinhos, com orgulho nas raízes e com uma paz relativa. Os homens amam a terra onde vivem, a língua que falam, as pessoas que conhecem, as famílias que têm, e a partir do momento em que algo se altera nestes parâmetros do amor, o caldo entorna-se e o líquido que escorre pelo chão é vermelho.
O novo anti-semitismo está a crescer, sem dúvida, a uma velocidade só comparável com o crescimento do novo anti-islamismo. Parece que só quando acabarem os –ismos (com o prefixo anti ou sem ele) e cada um pensar por si sem seguidismos (seguidismo também é um -ismo) é que será encontrada uma solução boa para todas as partes.