quarta-feira, janeiro 14, 2004

Auto-Retrato

Um auto-retrato escrito há 4 anos. Muito mudou desde aí. Tempos em que George W. Bush era aquele filho de um ex-presidente que nunca na vida iria ganhar as eleições. Tempos em que se gozavam os sportinguistas por não ganharem campeonatos há 18 anos. Tempos em que eu tinha a certeza que nunca iria terminar o meu curso. Os tempos mudam, mas regressam sempre, será o tempo uma linha infinita ou um anel?
Eu penso que é um anel que roda sobre uma linha infinita.
Mas deixemo-nos de conversas, aqui está o auto-retrato, tão longínquo quanto actual:


Auto-Retrato

Um Rio que corre
para a fonte e para o mar.
Uma noite calma
de Sol abrasador
Uma mina escura
Sem Mineiro, Sem minério

Um mar de ondas,
de marés infinitas
Uma pitada de sal
a dissolver em água
Um grão de areia
ao sabor do vento do Sahara

Uma nuvem pequena
que branqueia o céu azul
Um molhe que rompe
e assusta o mar enrolado
Um céu nocturno
que se apaga.

Um raio de luz
que se difunde entre as trevas
Um arco, uma ponte
Um túnel, uma estrada
que caminham e voam
presos ao chão

Este sou eu
Não sou ninguém
Sendo alguém
Estive aqui
Estou aqui
Estarei por aí