terça-feira, julho 27, 2004

Páscoa



A Ilha da Páscoa (conhecida pelas suas enormes estátuas) situa-se no meio do Pacífico a mais de dois mil quilómetros da porção de terra habitada mais próxima (a ilha de Pitcaim). Apesar do isolamento, a ilha é habitada desde 400 d.C. quando deram à costa homens de origem Polinésia, quem sabe perdidos após um naufrágio. Fixou-se então uma comunidade nesta ilha possuidora de terrenos bastante férteis e de enormes florestas (atendendo à sua reduzida dimensão). A população foi crescendo, formaram-se diversas povoações e acompanhando o crescimento surgiram as crenças. As estátuas (moai's) são provenientes dessas crenças, julga-se que elas representavam os antepassados que vigiavam os vivos. Diz-se mesmo que quando um habitante morria eram colocados os seus olhos nos olhos do moai para si construido e ali ficavam a olhar para o presente. Uma grande dúvida está na forma como eram colocadas as estátuas nos pedestais (chegaram a dizer que eram construídas dentro do vulcão e as erupções colocavam os moai's direitinhos no lugar (!)) e a teoria mais aceitável diz que estas eram transportadas utilizando troncos de árvores (foi demonstrada a possibilidade neste site). Aliás, a madeira era um material utilizado para tudo, as próprias vestes eram feitas de madeira.
Assim se viveu durante séculos, povoações-estado independentes mas sem guerras. Tudo correu bem até que os recursos começaram a escassear, a ilha das florestas ficou sem uma única árvore e a luta pelos últimos recursos originou guerras terríveis, canibalismo e vandalismo bem visível nas estátuas. A população de milhares de pessoas decresceu da noite para o dia e no final restou pouco mais de uma centena. Terminadas as guerras e com recursos suficientes para os poucos habitantes, surgiram novas crenças e o povo Rapa Nui (É este o seu nome) parecia regressar à paz e ao crescimento. Foi breve este periodo, navegadores espanhois começaram a saquear a ilha e a levar os habitantes como escravos para minas. Hoje poucos restam e quase todas as tradições foram perdidas, até o alfabeto utilizado no tempo dos moai's tornou-se indecifrável. Todas as tentativas de explicar a História dos Rapa Nui são meras teorias (incluindo esta), mas podem ser metáforas do nosso planeta.
Também estamos isolados, também temos a população a crescer de forma exponencial, também vemos os recursos esgotarem-se. Será que o nosso futuro é o passado dos Rapa Nui? E nós nem sequer estamos protegidos pelo olhar dos nossos antepassados...