quarta-feira, agosto 03, 2005

O Código dos Da Vinci (Reposição)

FACTO

O Priorado de Famalicão
Sociedade secreta portuguesa fundada em 1960, é uma organização real. Em 2002 a Biblioteca do Instituto Superior de Ciências da Saúde do Norte descobriu um conjunto de letras conhecido pelas Músicas Secretas que identificaram numerosos membros do Priorado de Famalicão, incluindo Tony de Matos, Cândida Branca Flôr, Carlos Paião, as Doce e os Da Vinci.

A prelatura de S. Francisco conhecida por Opus Gay é um grupo homossexual profundamente efeminado que tem sido objecto de controvérsias recentes devido a acusações como "Maricas", "Larilas" ou "Paneleiros".

Todas as descrições de músicas, bares gays, descobrimentos e sodomia existentes neste conto são inexactas.

PRÓLOGO

Casa da Música, Porto
01:23

O senhor Policarpo, conceituado musicólogo da Casa da Música, depois de mais um concerto pseudo-intelectual do Remix Ensemble Casa da Música, tropeçou à saída do elevador que o trouxe do gabinete da Administração e caiu. Quando se ia levantar ouviu uma voz:
- Não se mexa.
Era um homem pequeno e moreno com os olhos bem escuros e uma camisola de alças.
- Diga-me onde está!
- O quê? O WC? No corredor à esquerda.
- Você sabe do que estou a falar. Daquilo que você e os seus irmãos escondem. Os outros também desviaram a conversa.
- Os outros?
Policarpo percebeu que os seus três colegas também falaram no quarto de banho antes de morrerem. Fazia parte do protocolo.
- Depois de o matar serei o único a conhecer a verdade.
Entretanto o elevador começou a subir para a área da administração e o moreno sabia que tinha que agir rápido antes que chegasse o Couto dos Santos, o Burmester, o Santos Silva ou quem quer que fosse administrador da Casa nesta altura. Puxou do arco e acertou com a flecha bem na perna do senhor Policarpo. Sabia que o administrador da Casa da Música veria com bons olhos o desaparecimento de um musicólogo que poderia mais cedo ou mais tarde chegar à administração com o novo governo. Era óbvio que o administrador nada faria para salvar o musicólogo. Quando o segurança da Prosegur chegasse Policarpo já estaria com pouco sangue e o atraso da ambulância presa no trânsito da VCI às duas da manhã seria fatal. Fugiu sem deixar rasto.
Policarpo retirou a flecha da perna, viu o administrador sair fingindo não ser nada com ele e disse:
- Não vou sobreviver, há uma repavimentação na VCI. Tenho que transmitir o segredo rapidamente.
Aproveitou cada segundo de vida para uma tarefa desesperada. Com tanta preocupação em transmitir o segredo esqueceu-se que com um lenço à volta da perna o sangue estancaria e acabaria por sobreviver.


CAPÍTULO UM

Roberto Leal acorda sobressaltado quando lhe batem à porta.
Que se passa? Olha para o relógio e vê que passam apenas 30 minutos desde que chegou ao hotel vindo do concerto nas festas de Pedrouços.
- Polícia Judiciária.
Roberto Leal assustou-se, podia ter problemas com o fisco ou então ser mais um arguido do processo Apito Dourado, dada a cor do seu cabelo.
- Que se passa?
- Tinha um encontro com o Senhor Policarpo da Casa da Música esta noite, não tinha?
- É verdade, queria marcar um concerto em conjunto com o Tony Carreira na Casa da Música. Ele ficou de me visitar em Pedrouços no final do concerto
- Olhe o que lhe aconteceu.
Roberto Leal viu um corpo deitado e com um símbolo desenhado na sua barriga.
- Vamos, o Guarda Abel está à sua espera.

Quando chegou à Casa da Música, Roberto Leal não tinha percebido porque o tinham chamado, foi o Guarda Abel que lhe disse:
- Sabemos da sua experiência no estudo de mensagens no interior das letras musicais. A sua interpretação de “A Casa Portuguesa” é magnífica nesse aspecto.
- E o que é que isso tem que ver com a morte do Policarpo.
- É que a fotografia não mostra tudo, sem flash foi o melhor que conseguimos arranjar, veja o que está escrito ao lado dele. E sabe que mais? Ele demorou umas 2 horas a morrer à espera da ambulância, foi ele próprio com a ajuda do segurança da Prosegur que fez isto.
Leal viu o corpo de Policarpo deitado com um círculo na barriga e ao lado em giz algo escrito da seguinte forma:

3 – 14 – 15 – 92 – 65 – 4
Pimento: Só Ruga Vincada
O Pro-Rádio do Barro Cego

Roberto Leal interpretou que podia ser uma mensagem para alguém chamado Pimento, no entanto os números iniciais não faziam qualquer sentido, e o Rádio relacionado com barro não o levava a lado nenhum.
Foi nesse momento que uma loira chamada Micaela entrou pelo átrio da Casa da Música. Micaela, também cantora como Roberto Leal, nas horas vagas era empregada de limpeza na Casa da Música conhecendo o Guarda Abel depois deste ter feito a segurança de um concerto seu. Na altura o Micaela acusou o guarda de assédio sexual, e a partir daí a relação de ambos nunca foi a mesma.
- Senhor Roberto Leal, o Consulado do Brasil quer falar consigo, por favor ligue-lhes para este número 229876543.
- Não posso, estive a ver a SMS Tv e fiquei sem saldo.
- Eu empresto-lhe o meu – disse o guarda Abel, para que o brasileiro se despachasse e voltasse a estar atento ao enigma.
Roberto Leal estremeceu com o que lhe disseram ao telemóvel. Entretanto, Micaela deslocou-se à carrinha da Limpotécnica para ir buscar uma esfregona nova.
- Preciso de ir ao Quarto-de-Banho. A minha mãe foi raptada no Brasil. E além disso eu sofro de incontinência.

CAPÍTULO DOIS

A poucos quilómetros dali, Litos, o moreno de olhos escuros estacionava o seu Ford Ka ao lado do Assador Típico do Hospital de Santo António. Caminhou pela rua e entrou num bar gay seu conhecido. Naquela hora os néons já estavam desligados e todos os homossexuais tinham saído. Estando em privacidade pegou no telemóvel e ligou ao Orgulhoso:
- Voltei, Orgulhoso. Matei-os a todos, os três Grãos-de-Areia e o Grão-de-Bico.
- Tens a informação?
- Disseram todos o mesmo, todos confirmaram a lendária Chave da Abóbora.
A irmandade tinha concebido um mapa – a Chave da Abóbora – onde era revelado o esconderijo do maior dos segredos… Uma informação tão poderosa que passou a ser a razão da própria existência.
- A Chave da Abóbora encontra-se aqui, no Porto.
- Incrível, demasiado fácil.
Litos contou que o segredo fora contado por todos e estava numa das mais famosas ruas da noite portuense: a Rua da Alegria.
- Dentro de uma cada de alterne – exclamou o Orgulhoso – Eles escarnecem de nós.
- Como sempre fizeram.
- Fizeste um grande serviço ao Orgulho Gay. Há centenas de anos que esperávamos por isto. Agora vais ter que procurar a Abóbora ainda esta noite.

No Intercidades entre Lisboa e Porto vinha Carlão, o líder da Opus Gay. Ia para Campanhã onde se encontraria com o líder da ILGA numa reunião muito importante para o futuro da organização. Aí recebe um telefonema:
- Precisamos da sua ajuda, o Litos tem a Chave da Abóbora.
- O que devo fazer?
- Faça apenas o que lhe digo.