sexta-feira, março 18, 2005

Meia Maratona 3

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Começando a corrida bem no fim dos 35.000 atletas, tive que apostar numa táctica diferente. Os Quenianos partiram 3 minutos antes, e eu tinha que os alcançar. Ultrapassei o Sampaio sem lhe dar nenhum autógrafo, uma zebra, um padre, o Sócrates, um batalhão dos comandos, um garçon e um homem correndo com um rádio às costas que tocava sem interrupções o "Vamos lá cambada". Tive que ziguezaguear pela ponte para recuperar o tempo perdido, circulando muitas vezes pela grelha centrar onde via o rio por baixo dos meus pés. O tráfego na ponte fazia lembrar um dia qualquer da semana, com o garrafão das portagens repleto, as filas na segunda circular até ao radar do aeroporto, o nó do fogueteiro e todos esses nomes que nos surgem quando sintozámos a rádio no meio da VCI à espera de um milagre que nos tire dali.
Com tanto tráfego e sem auto-rádio, percebi no fim da ponte que já devia estar a uns 5 ou 6 minutos do quenianos, mas mal os fracos da mini-maratona viraram à direita e a estrada ficou livre comecei a acelerar.
Passei a Avenida 24 Super Bock de Julho, o Terreiro do Paço, o Rossio, a Praça da Figueira, outra vez o Terreiro do Paço, Santa Apolónia, ultrapassei o campeão olímpico Baldini, voltei para trás e encontrei no regresso à Avenida 24 Super Bock de Julho o grupo de Quenianos liderado por Paul Tergat. Escondi-me atrás dele para não ser filmado (sou tímido) e quando estavam todos distraídos ataquei e ultrapassei todos (inclusive a moto da RTP) a uma velocidade estonteante. Do ataque só restou a foto que vemos acima.
Cheguei aos Jerónimos com o recorde do mundo de 50m34s, numa altura em que ainda não tinham colocado os tapetes que lêem os chips, o photo-finish e quando estava tudo a comer gelados na barraca da Olá (inclusive os jornalistas e cameramen). Ninguém me deu os parabéns, a medalha de ouro ou o que quer que seja e vim-me embora com as mãos abanar. Preferiram dizer que foi um tal Senhor Tergat a vencer, esquecendo-me num lugar a meio da tabela. Se isto não é corrupção então o que é a corrupção? Depois lá me deram uma saca da EDP com duas garrafas de água e uma de bebida energética. Nem uma barrinha de cereais sobrou para mim. Foi com esta desilusão que acabou a minha participação na Meia Maratona deste ano. Mas a prova da fotografia ninguém me tira.