Ori-BTT e Planeamento do Território

No fim de semana passado participei no I Ori-BTT da Trofa. Foi a minha primeira prova na modalidade e é para repetir. Gostei imenso, teve tudo de bom, 2 estapas, zero quedas na primeira, 2 quedas na segunda, uma segunda queda bem no meio de um rio, 3 raios da roda partidos, travões desfeitos, a sorte de não ter nenhum furo e portanto um fim de semana em cheio! Pelo meio ainda pedalei ao lado do Cândido Barbosa e fiquei à frente dele no somatório dos 2 dias (ok, ele não foi ao segundo e deu-me um avanço de 40 minutos no primeiro).
Mas mais do que uma simples prova de Ori-BTT, foi uma forma de conhecer uma área natural pelo seu interior quando só conhecia as estradas que a atravessavam, falo da zona florestal e agrícola que vai desde Covelas a Água Longa, quase até à Agrela, passando ainda pelo aeródromo de Vilar de Luz.
Mas mais do que falar da minha participação nesta prova (algo com pouco interesse para a humanidade) queria abordar um assunto que revela o que acontece no nosso país ao nível do ordenamento do território. Algures no meio das montanhas surge uma enorme clareira com um desbaste de árvores ao longo de muitos hectares. No mapa da prova aparecia como local interdito e lá à beira enormes tabuletas com Propriedade Privada.
Numa pesquisa na net encontrei estas duas notícias do JN. A mais recente data de 16 de Setembro e a mais antiga de 3 de Agosto. Ambas revelam o interesse económico para a região de um investimento em mais de 960.000 metros quadrados, o equivalente a 2 vez o que é ocupado pelas fábricas do IKEA. Tal como nesta última foi alegado interesse público e Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional foram à vidinha delas. Como não se trata de uma grande empresa não consegui encontrar uma única voz na imprensa contra este mega-projecto. Tal como as fábricas do IKEA, a Lactogal, a Nassica, o planeamento foi esquecido em função do interesse público. Qual o interesse público de um Outlet esquecido? Qual o interesse público de um empreendimento destes no meio do nada quando o nada é património natural e reservado? Para quê planear zonas protegidas quando mais cedo ou mais tarde outro interesse vai deitar todas as regras fora?
Isto precisa de dar tudo uma volta...