quinta-feira, agosto 07, 2003

Incêndios

Eu não queria falar deles, mas penso que devo explicar um exemplo prático que aconteceu aqui perto de mim.
Há cerca de três ou quatro anos, arderam os pinhais ao fundo da minha rua. Nada de especial, todos os verões há incêndios, e formando um grupo de populares conseguimos impedir que o fogo chegasse às casas e os bombeiros apesar de alguns atrasos foram sempre apagando o que restava. A única particularidade foi o facto de existirem incêndios todos os dias durante uma semana e começarem às três da tarde. Não estou a insinuar que fosse fogo posto, de certeza que existia um cigarro qualquer mal apagado com o relógio a despertar para essa hora ou então um vidro que acendia a caruma com pontualidade britânica.
Soube mais tarde que estava em curso uma revisão do Plano Director Municipal (PDM) e quando este saiu em Diário da República, o pinhal passou de Reserva Agrícola (Sem possibilidade de construir) para solo apto para a construção. Hoje existem duas novas ruas e foi feito um loteamento para dezenas de moradias, algumas delas já estão construidas.
Neste texto apenas relatei os factos, não tirei nenhuma conclusão, mas deixem-me fazer estas perguntas:
E se não tivesse existido incêndio, seria agora um solo apto a construir?
Quantos incêndios existem pelas mesmas razões?
Para quando uma verdadeira investigação sobre os grandes negócios que se fazem com os incêndios?