Incêndios
Há cerca de três ou quatro anos, arderam os pinhais ao fundo da minha rua. Nada de especial, todos os verões há incêndios, e formando um grupo de populares conseguimos impedir que o fogo chegasse às casas e os bombeiros apesar de alguns atrasos foram sempre apagando o que restava. A única particularidade foi o facto de existirem incêndios todos os dias durante uma semana e começarem às três da tarde. Não estou a insinuar que fosse fogo posto, de certeza que existia um cigarro qualquer mal apagado com o relógio a despertar para essa hora ou então um vidro que acendia a caruma com pontualidade britânica.
Soube mais tarde que estava em curso uma revisão do Plano Director Municipal (PDM) e quando este saiu em Diário da República, o pinhal passou de Reserva Agrícola (Sem possibilidade de construir) para solo apto para a construção. Hoje existem duas novas ruas e foi feito um loteamento para dezenas de moradias, algumas delas já estão construidas.
Neste texto apenas relatei os factos, não tirei nenhuma conclusão, mas deixem-me fazer estas perguntas:
E se não tivesse existido incêndio, seria agora um solo apto a construir?
Quantos incêndios existem pelas mesmas razões?
Para quando uma verdadeira investigação sobre os grandes negócios que se fazem com os incêndios?
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