sexta-feira, abril 22, 2005

O Código dos Da Vinci 2



PRÓLOGO

Casa da Música, Porto
01:23

O senhor Policarpo, conceituado musicólogo da Casa da Música, depois de mais um concerto pseudo-intelectual do Remix Ensemble Casa da Música, tropeçou à saída do elevador que o trouxe do gabinete da Administração e caiu. Quando se ia levantar ouviu uma voz:
- Não se mexa.
Era um homem pequeno e moreno com os olhos bem escuros e uma camisola de alças.
- Diga-me onde está!
- O quê? O WC? No corredor à esquerda.
- Você sabe do que estou a falar. Daquilo que você e os seus irmãos escondem. Os outros também desviaram a conversa.
- Os outros?
Policarpo percebeu que os seus três colegas também falaram no quarto de banho antes de morrerem. Fazia parte do protocolo.
- Depois de o matar serei o único a conhecer a verdade.
Entretanto o elevador começou a subir para a área da administração e o moreno sabia que tinha que agir rápido antes que chegasse o Couto dos Santos, o Burmester, o Santos Silva ou quem quer que fosse administrador da Casa nesta altura. Puxou do arco e acertou com a flecha bem na perna do senhor Policarpo. Sabia que o administrador da Casa da Música veria com bons olhos o desaparecimento de um musicólogo que poderia mais cedo ou mais tarde chegar à administração com o novo governo. Era óbvio que o administrador nada faria para salvar o musicólogo Quando o segurança da Prosegur chegasse, Policarpo já estaria com pouco sangue e o atraso da ambulância presa no trânsito da VCI às duas da manhã seria fatal. O moreno fugiu sem deixar rasto.
Policarpo retirou a flecha da perna, viu o administrador sair fingindo não ser nada com ele e disse:
- Não vou sobreviver, há uma repavimentação na VCI. Tenho que transmitir o segredo rapidamente.
Aproveitou cada segundo de vida para uma tarefa desesperada. Com tanta preocupação em transmitir o segredo esqueceu-se que com um lenço à volta da perna o sangue estancaria e acabaria por sobreviver.