Fanfare Ciocarlia

Como tinha prometido, ontem fui ao concerto da Fanfare Ciocarlia no Palácio de Cristal. Tinha imensas expectativas e o grupo de ciganos romenos não desiludiu. Se em todos os semáforos da circunvalação estivesse uma fanfarra destas eu deixava lá notas de cinco euros, mas infelizmente, em Portugal, eles limitam-se a andar com crianças ao colo e a limpar vidros.
As suas músicas são provenientes das tradições dos balcãs e aqui ou ali trazem-nos covers de músicas conhecidas com um estilo muito próprio (ontem foi James Bond, por exemplo). O resultado é uma plateia que no início parece duvidar do alcance da música mas que no fim não consegue deixar de dançar desenfreadamente.
Conheci os Fanfare após Goran Bregovic (Banda Sonora de Undergound, por exemplo), sempre achara o homem um génio até descobrir que as suas músicas eram originárias da cultura de um povo, muitas delas com dezenas e dezenas de anos. Bregovic apenas as usa, dá-lhes letras e depois regista-as com o seu nome (letra e música), nada ético, portanto. Os ciganos não gostam e têm razão. Mas eu pouco me importo, graças a Bregovic conheci estas fanfarras (eu e muitos outros), tanto ouço o primeiro como os outros, e se não fosse o compositor Sérvio provavelmente não tinha ido ontem ao concerto. Foi interessante ver a música Nicoleta da Fanfare Ciocarla cantada pelo público com a letra de Bregovic de nome Mesecina (não sabia que tantos portuenses falavam servo-croata, incluindo eu).