Babel
A luta pelo filme do ano decorria na minha cabeça entre Match Point e Entre Inimigos e o último parecia ganhar vantagem até que apareceu um Babel que partira mais tarde mas deixou todos para trás. Vou falar do filme, mas o ideal é verem primeiro, mastigarem bem e só depois lerem este post.
Babel é o terceiro filme da trologia de Iñarritu sobre a morte. Depois de um óptimo Amores Perros e de um grande 21 Gramas, surge um Babel que atinge a redenção com um final originalmente feliz.
A utilização de metáforas, bem patente no cinema mexicano, é explorada por Iñarritu quase até ao esgotar do filão. A torre e as torres de Babel que aparecem no final, a ligação invisível entre o miúdo marroquino e a japonesa, o facto de ser uma arma a ligar todas as histórias (antes de qualquer internet foram as armas a globalizar a sociedade) são exemplos disso. Mas não são os únicos casos, as metáforas espreitam um pouco pelo filme todo.
Depois, a forma genial de aboradar a globalização sem cair nos clichés da internet, dos portáteis ou dos telemóveis. A globalização não é feita de tecnologia mas de homens que se ligam e ligam o mundo, talvez seja esta a principal ideia a transmitir.
Não menos genial é a sua forma de cortar o tempo em pedaços e espalhá-los pelo filme. Parece ocorrer tudo em simultâneo mas existe uma separação temporal que só é bem visível quando se ouve o mesmo telefonema em duas partes distantes do filme (em espaço e em tempo) e talvez esta ligação telefónica também simbolize a tecnologia presente atrás da tal globalização humana (mas se calhar eu próprio tenho uma certa tendência para inventar, e nos filmes de Iñarritu invento bastante).
Por fim, actuações memoráveis, sobretudo dos actores mais jovens.
E um final feliz, contra todas as previsões.
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