Terras do Ave

Rio Torto

Esta semana estava para apresentar aqui um filme. Mas com o tempo o filme ganhou dimensão e será mesmo uma grande produção a estrear daqui a algum tempo. Por isso, e para já vou ficar por este comunicado sobre os chineses via Bravos do Mindelo.

Rio Tinto

Tinta da China

Nunca percebi nas minhas aulas de Educação Visual porque é que os compassos traziam uma panóplia de bugigangas. É para a Tinta da China! - diziam-me, mas nunca cheguei a perceber o que tinha uma tinta de tão especial para ser da China.

Certo dia, estando eu a precisar de desenhar umas Circunferências de Mohr, decidi comprar um compasso. Mas onde é que isso se vende? Foi rápido o raciocínio que se seguiu. Compasso–Bugigangas–Tinta da China–China–Chineses! Claro! Tinha que ir aos chineses comprar compassos dos que têm Tinta mesmo da China. Fui à Varziela e um chinês embrulhou-me aquilo num papel. Quando chego a casa descubro que o papel trazia uma carta escrita em Mandarim. Tendo eu tirado um curso por correspondência, vou partilhar convosco as suas palavras. Para manter o anonimato, vamos omitir o Xeng Ju Xiao. Chamemos-lhe apenas João.

“Olá Mãe!

Cheguei à Europa, estou numa região chamada Espanha numa pequena aldeia de nome Portugal. Tem apenas 10 milhões de habitantes e tudo aqui é muito pequeno. Que saudades da nossa velha Quinghai!

Os habitantes são muito estranhos, não conseguem trabalhar sequer 15h seguidas e mesmo assim queixam-se. Têm um passatempo muito estranho: passam a vida a passear cães e nem os comem no fim. Com tanto passeio o animal fica musculado e sem aquela gordurinha que tanto gostamos. É também um povo muito fechado que não se mistura na nossa comunidade, talvez se sintam isolados por serem uma minoria, é vergonha de serem apenas 10 milhões. Ultimamente até chegaram a ter atitudes xenófobas, dizem que andamos a comer os nossos compatriotas que morrem, já que não há registo de mortos chineses. A sua frase favorita é “Não sou racista, gosto de pretos, só chineses e ciganos é que não!”. E além de lançarem boatos, as funerárias obrigam a pagarmos um dinheirão para levarmos os nossos féretros para a China. Por falar em dinheiro, envio-te o meu cartão Multibanco onde deposito os meus 5 mil euros mensais, o seu código é o (letra ilegível)”.