Terras do Ave
Rio Tinto
Artigo Publicado no Terras do Ave
Aborto: Essa questão politico-partidária
O aborto como questão politico-partidária surgiu ainda nos idos da dos Estados Gerais em França. Reza a História que todos aqueles que eram favoráveis à despenalização da interrupção voluntária da gravidez se sentaram à esquerda do rei, já que do lado direito se tinham sentado a nobreza e o clero.
O aborto como cerne da mais profunda discussão política surge mais tarde no livro “Riqueza das Nações” de Adam Smith. Este livro gira em torno do mercado que poderá existir com a legalização do aborto e das suas consequências nefastas para a economia. O objectivo é que persista uma mão invisível no ventre das grávidas que as impeça de abortar. Mais tarde, num pequeno anexo desse mesmo livro fala por alto na relação da tal mão invisível no ventre da mulher que também pode ser pensada no sentido em que cada indivíduo ao perseguir o seu próprio interesse está a contribuir para o bem comum. Karl Markx critica o sistema filosófico anti-aborto de Hegel, esse idealismo que diz que se for proibido não haverá quaisquer aborto clandestino. Marx contraria esta ideia e diz que deve-se liberalizar o aborto por acção do Estado para que mais tarde acabem os abortos clandestinos. Ao estado cabe o papel de financiar todo os abortos possíveis para que não existam aborteiras em vãos de escada (Marx, 1867).
Todo o sistema político existente tem como base o aborto, e por causa disso esta questão é sobretudo uma luta partidária. Ser de esquerda significa votar sim, ser de direita significa votar não. Qualquer alteração a esta forma de pensar é considerada uma aberração da natureza e o interveniente deve ser internado para respectiva formatação de todos os seus discos rígidos.
E já que falamos em aberrações. Uma dúvida que me tem surgido: Segundo algumas pessoas provenientes de meios religiosos, os homossexuais são considerados aberrações. Sendo aberrações, caso se detecte a homossexualidade num diagnóstico pré-natal, será que essas pessoas religiosas são favoráveis ao aborto?
Etiquetas: Aborto