Ao ler esta notícia sobre os problemas das maternidades e das situações de risco para os recém-nascidos não estava a prever um fim tão trágico do governo. Pensava que a mortalidade infantil no nosso país era algo de outros tempos, mas pelos vistos estava enganado. O bebé não conseguiu sobreviver à incubadora e faleceu hoje ao fim da tarde. Muito mal vai o nosso sistema de saúde. Muito mal vai o pai da criança. Aliás, cá para mim ele vai abortar na próxima tentativa de engravidar e nunca voltará a ter filhos.
Como já referi em alguns posts sou ateu. E ateu com toda a convicção que existe, talvez a única certeza que eu tenho é o facto de Deus não existir. E se ele (letra minúscula propositada) existisse estaria por esta hora muitíssimo zangado com a sua pessoa (ou o que quer que ele seja). Tive durante oito anos uma educação baseada nos princípios da religião católica, muitas freiras deram-me aulas, muitas vezes fui à missa, acreditei em Deus na minha infância mas com o tempo, e depois de me ter libertado das amarras de uma educação religiosa, deixei de acreditar. Não vou aqui tecer as razões que me fizeram alterar de opinião, este blogue é pessoal e não privado.
Quero antes debruçar-me sobre a condição humana. Não acredito em Deus, não acredito na reencarnação, não acredito na astrologia, não acredito na alma, em que é que acredito? Que nós somos meras reacções químicas e fenómenos físicos? Que apenas estamos cá para que o nosso código genético continue ao longo das vidas? Que a nossa vida não tem nenhum sentido para além dessa evolução genética assente na reprodução?
Sim, é mesmo isso, nem eu seria capaz de fazer perguntas tão objectivas em relação ao meu próprio pensamento! Parabéns Miguel!
Penso isso, e depois? Virá algum mal ao mundo? Sou existencialista? Talvez.
Mas se o nosso ser é um conjunto de substâncias, de correntes eléctricas, de hormonas, podemos utilizar isso para o nosso bem. Eu prefiro activar as substâncias que me dão emoções e sentimentos positivos, prefiro activar substâncias noutras pessoas, que viver preso à ideia que isto não serve para nada. Não serve para nada, mas se pensarmos que serve, vivemos muito melhor.
Vamos acarinhar o nosso governo se faz favor. Ele é um bebezinho tão pequenino e inocentezinho. Temos que ter peninha dele, coitadinho. Tão novinho e já a governar um paisinho, onde é que se viu esta coisinha?
Como referi no post anterior, o regresso das famílias à baixa do Porto é o grande desafio para a cidade nos próximos anos. Um desafio muito difícil e com poucas probabilidades de êxito. Faz mesmo lembrar o Benfica numa qualquer pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Mas como se pode oferecer às pessoas aquilo que elas não querem? Viver no meio do barulho, do trânsito, da poluição em troca da proximidade do centro? Além disso o centro cada vez está mais longe da baixa e próximo da Boavista. É muito mais agradável viver numa moradia do que num prédio antigo, é muito mais agradável respirar Oxigénio do que Oxidos de Azoto.
A solução? Ao renovar vai-se contra a História, ao preservar vai-se contra a habitabilidade, cada vez será mais difícil a reconciliação. Sei que a solução só poderia passar pela demolição e reconstrução de toda a baixa, mas não quero perder o que existe, é a minha identidade, de todos os portuenses e de todos os nortenhos.
Continuando o dossiê sobre a decadência urbana que já começa a afectar os arredores da cidade do Porto, e depois de referido o exemplo do Centro Comercial Bravos do Mindelo, vou agora debruçar-me sobre alguns problemas de desertificação urbana.
Nos dias de hoje, a grande luta dos urbanistas é trazer de volta a população aos centros das cidades. No caso do Porto, todos os estudos feitos querem levar de novo as pessoas para a baixa, sendo uma missão quase impossível. Noutro post falarei sobre as dificuldades desta luta e o problema da qualidade de vida das pessoas.
As pessoas sairam da baixa portuense porque se construiu cada vez mais longe do centro, e com o aumento da mobilidade, as distâncias diminuiram e tornou-se barato viver longe do centro. Cada vez se construiu mais e mais longe, e cada vez sairam mais pessoas da baixa. Hoje só há imigrantes e idosos por lá e luta-se pelo regresso dos jovens casais, pelo regresso da vida. E se esse objectivo quase utópico for atingido?
A resposta é simples, os problemas que existem hoje na baixa deslocam-se para os subúrbios e depois existirá uma luta para as pessoas regressarem aos subúrbios. Se esse objectivo utópico não for atingido o panorama não será muito diferente. Cada vez se constrói mais em terreno virgem, cada vez existem mais florestas de betão e cada vez há menos solo. A população não cresce e as pessoas vão deslocando de casa para casa. Será apenas uma espiral de betão com o fim na inutilização de solo. Só quando o solo for todo ocupado os empreiteiros virar-se-ão para a reabilitação.
É por isso necessária a intervenção do estado, o solo é um bem não renovável e estando todo o negócio nas mãos dos privados não podemos augurar um futuro diferente do final do espaço livre. É necessário começar a criar entraves à nova construção. Por proibições, por taxas que tornem desapetecíveis os investimentos em novas construções e apetecíveis as reabilitações. Facilitando as demolições e reconstruções no mesmo local também, porque o objectivo não é acabar com o mercado da construção nem criar uma crise.
A população não tem crescido nem deve crescer mais, cada casa construida é uma casa vazia num qualquer outro local, deve-se por isso apostar nos locais já ocupados e não nos que estão livres, não nos que são verdes.
O exemplo do Centro Comercial Bravos do Mindelo é paradigmático. Construiu-se um elefante verde e só lucrou quem vendeu apartamentos por aquela altura. Agora é um espaço deserto e qualquer pessoa preferiria ver ali um espaço verde, um pinhal ou no pior dos casos moradias sem muito impacto visual. Muitos outros existem por aí.
Não é preciso parar para pensar. É preciso parar apenas, porque o futuro já está pensado.
Poucas vezes fiz críticas cinematográficas neste blogue, não existe uma razão especial, talvez porque não tenho conhecimentos suficientes, talvez por falta de tempo, pouco importa. Hoje vou abrir uma excepção para o filme "Antes do anoitecer".
(Interrompo aqui este post para noticiar uma nova remodelação governamental)
Um filme que acaba por ser um único diálogo só pode ser algo original. A forma de filmar, o tempo real a correr, a riqueza das palavras ainda acentuam essa qualidade.
Before Sunset podia ser um filme vulgar, tinha tudo para ser apenas mais um sobre o amor. Mas não é, pelo seu final, pelas certezas que se transmitem. (Interrompo aqui este post para noticiar uma nova remodelação governamental) Duas grandes ideias marcaram a minha leitura do filme, dois pormenores para alguns:
-A certeza de ambos que a sua relação só é assim tão perfeita porque apenas falaram duas vezes em toda a vida.
(Interrompo aqui este post para noticiar uma nova remodelação governamental)
-A ideia de que tanto faz uma pessoa ganhar o totoloto como ficar paraplégica que continuará na mesma. Um optimista continuará optimista e um pessimista continuará pessimista.
Sobre o final, fantástico. Existirá um novo filme? (Interrompo aqui este post para noticiar uma nova remodelação governamental) Talvez, até podia ser uma curta-metragem, de 5 ou 7 minutos chamada "Antes do lusco-fusco", parafraseando o Gato Fedorento.
Se o Centro Comercial Bravos do Mindelo fosse construido hoje as reacções seriam algo do género:
Câmara:
Em 20.000 cidades europeias Vila do Conde foi escolhida para receber um complexo de luxo. Um enorme e moderno shopping, infraestruturas desportivas como uma enorme piscina, dois courts de ténis e vários apartamentos de luxo, com a utilização de tecnologias de construção de ponta. Todos os mindelenses devem sentir-se orgulhosos desta magnífica obra.
Oposição de Direita:
Uma grande obra da iniciativa privada. É com privados assim que se faz o desenvolvimento. Um complexo moderno, versátil, luxuoso, que revela bem o que pode ser um serviço público prestado por privados. Parabéns.
Oposição de Esquerda:
Uma obra como esta só pode provocar o caos no trânsito, trazer demasiadas pessoas para a freguesia e aniquilar o comércio tradicional. Há também a possibilidade de cair com um tremor de terra e pode ser bem capaz de provocar o fim do mundo. Está provado que a cor verde atrai muito mais todo o tipo de entidades alienigenas e aviões terroristas.
Há quase duas décadas, foi construido a meio caminho entre a igreja e a praia o Centro Comercial Bravos do Mindelo. Na altura a obra era considerada um pólo dinamizador da freguesia, com uma excelente piscina de 25m, 2 courts de ténis, centro comercial e apartamentos de habitação. Não faço a mínima ideia se nos anos 80 a cor verde era a moda, confesso que o gosto não será o melhor.
De qualquer modo, com verde ou sem verde, vou aqui iniciar aqui uma reflexão de vários posts sobre a decadência urbana.
Visto das traseiras, o Centro tem um parque infantil onde já nem os baloiços têm cadeiras, as ervas vão crescendo e a ferrugem invade todos os espaços de entretenimento.
Atrás dos courts de ténis vêem-se bancos de pedra que já perderam a pedra, o clima típico das perseanas fecfadas e um muro óptimo para arranjar musgo para o presépio.
O restaurante das piscinas saltou de gerência em gerência até ficar abandonado, num local muito afastado em relação à rua nunca chamou muita gente, e mesmo tendo em algumas fases muita qualidade, foi-se perdendo e já há três anos que ninguém lhe toca.
O parque de estacionamento e a garagem têm um piso remendado e um ou dois carros estacionados, os muros continuam a ser uma bela criação de musgo e oferecem grandes oportunidades aos coleccionadores.
A piscina foi a última resistente. No verão sempre foi explorada, mas este ano nem isso. As pessoas foram deixando o local. Passou de moda e nos últimos anos apenas meia dúzia de gatos pingados nadavam por aqui.
Quanto à habitação. Num sábado este é o panorama. Dois ou três apartamentos ocupados, e depois tudo fechado. As placas a dizerem vende-se parecem cogumelos a crescer por toda a mancha verde, a degradação dos materiais é evidente e o futuro aponta para que as pessoas que ainda lá vivem mudem. A qualidade de construção é bastante má e ninguém deseja voltar.
Por outro lado, a população de ratos tem boas condições para aumentar.
Aqui existiu um supermercado, mas assaltos e a decadência do edifício fez com que a maior loja do centro comercial fechasse há alguns anos.
Mesmo ao lado, outro tipo de comércio. Um bar bastante escuro e presenças femininas chegadas do brasil. Ainda bem que também este entrou em decadência. Em volta também existia o comércio de artigos afegãos, mas graças à luta dos antigos lojistas, as pessoas desapareceram.
No interior, as lojas vazias e os corredores vazios. Ao nível de um Dallas ou de um Brasilia.
Churrasqueira, cabeleireiro, loja de fotografia...
Muito típico: Vende-se, aluga-se, passa-se, trespassa-se... Ofereço, tirem-me daqui!!!!!!
Durão antes de fugir para Bruxelas. Santos Cruz com cabelo e barba preta. Uma mesa com um cinzeiro perdido, cadeiras espalhadas, eis o núcleo do PSD de Mindelo.
E o Santana? Um bocadinho desactualizados, não?
Se nós traduzimos London para Londres e se os espanhóis chamam Piedras Rolantes aos Rolling Stones, então os ingleses também têm direito a traduzir os nossos locais
Locais
Porto – ByYou
Vila Nova de Gaia – Homosexual A’s New Village
Matosinhos – Little Weeds
Espinho – Spine
Valongo – Long Valley
Viana do Castelo – SawAnna of the Castle
Viseu – Sawhis
Barcelos – Celos’ Bar
A-Ver-o-mar – Sawing the Sea
Mindelo – GiveItToMe
Vila Chã – FemaleFloor Village
Coimbra – Imbra’s Ass
Maia – She Went Bad
Penafiel - Faithful Penalty
Paredes – Walls
Leiria – Laugh’s Law
Canidelo – GiveItToDoggy
Póvoa de Varzim – Dust Fly of the Bar Yes
São Pedro da Cova - Saint Peter of the hole
Rio Tinto - Red Wine River
Famalicão - Dog's Family
Portimão - Port and Hand
Bragança - BraHashish
Leiria - Law smile
Cascais - Rind Ouch
Locais no Porto
Rua de Cedofeita – Earlydone Street
Rua da Boavista – Goodview Street
Rua do Monsanto – Holy Mount Street
Rua do Bonjardim – Good Garden Street
Rua de Costa Cabral – Coast Bitch L Street
Praça do Marquês de Pombal – SeaWhys of Pigeon’s House Plaza
Mercado do Bolhão – Big Bubble Market
Rua de Camões – HereHands Street
Mercado do Bom Sucesso – Good Success Market
Campanhã – Campaign
Praça da Corujeira – Owl Factory Plaza
Praça da Cordoaria – Rope Smile Plaza
Miragaia – Sawing an Homosexual A
Rua do Almada – of Soul of Street
Rua Sá da Bandeira – Healthy Flag Street
Rua da Picaria – Laugh When You Are Pricked Street
Rua da Fábrica – Factory’s Street
Arca D’Água – Water’s Arch
Rua Miguel Bombarda - Michael Bomb burn Street
Acabo de descobrir um nove blogue vilacondense. Chama-se A Cruz e o Crescente. Já temos mais uma pessoa para participar no próximo jantar! Quando é que ele será?
Depois de uma longa ausência do Blogue (quase um dia e meio), regresso a estas lides depois de ter feito uma pré-apresentação do meu livro. Estiveram presentes umas trinta pessoas, alguns conhecidos, alguns desconhecidos e algumas pessoas importantes da faculdade.
A primeira parte esteve a cargo da Clara, que fez uma abordagem filosófica ao livro, com citações de Baudelaire e de Bergson. Deixou a plateia de boca aberta com a sua facilidade de expressão e a amplitude do seu vocabulário. Confesso que por vezes nem eu pensava ter chegado tão longe em termos filosóficos. Comentário à saída de um anónimo chamado André Resende: "Mesmo que o livro fosse mau, só pelo que disse ficava com vontade de o ler".
Depois chegou a minha vez. Sendo conhecedor da personalidade da Clara e profetizando a profundidade linguística da sua intervenção, optei por dar um tom mais ligeiro ao meu discurso. Não falei apenas do livro mas também da actividade criativa enquantos estudante universitário, da estruturação de um romance e da minha perspectiva como leitor do livro. Senti-me bastante bem, o publico também soube reagir às ironias e acabo por sair bastante satisfeito deste evento.
PS: O (ouriço cacheiro) errou, antes remetia o anónimo André Resende ao anonimato. A ele e a todos os nossos leitores as nossas desculpas
Para quem pensava que os blogues dedicados a personalidades se resumiam às grandes estrelas aqui vai a resposta:
O Blogue do Areias, inaugurado hoje pela minha amiga Gabi.
Força!
É neste edifício (Biblioteca da FEUP) que farei uma pré-apresentação do meu livro na próxima quarta-feira. Devido ao trabalho que tive a prepará-la, os últimos posts têm sido no mínimo telegráficos.
Já disponibilizei os primeiros 5 capítulos neste micro-site, para quem quiser ter uma primeira leitura antes da apresentação.
Convido desde já todos os leitores (assíduos e casuais) do blogue a aparecerem e participarem nesta pequena conversa. Como já referi antes, aguardo a resposta de algumas editoras às quais enviei exemplares para apreciação, pelo que o livro não estará presente nas livrarias em breve. De qualquer forma não será muito difícil obter os restantes capítulos, basta contactar o autor (eu).
Os dados da apresentação são os seguintes:
Biblioteca da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Rua Roberto Frias - Porto
Piso 6 - Sala do Ponto de Encontro (Sem o Henrique Mendes)
Dia 24/11/2004 às 14h30
Afinal quem é que Gama?
O seu nome faz lembrar um índio. Este talvez seja o último dos Moicanos.
O Comité Central do PCP "aconselhou" a sua eleição para Secretário Geral do Partido. Por ser um operário talvez tenha mais força para pegar na pá e escavar o buraco para onde irá o partido após a sua eleição.
Mas que não se pense que este senhor, por ter uma formação dada sobretudo pela sua vida desgastante,possui uma cultura reduzida. Jerónimo é um amante da dança, e a melhor imagem que tenho desde homem é a dançar no Reveillon 95/96 quando ainda era candidato à Presidência da República. Esperoque esses momentos, apesar de inesquecíveis, não sejam irrepetíveis.
Os cigarros SG Filtro e SG Ventil possuem uma substância cancerígena.
Isto é uma notícia? Qual a diferença, mais uma menos uma tanto faz.
Este post do siX tem causado bastante polémica. Segundo o Dupont há 8000 anos existiam menos pessoas do que agora existem adeptos do Benfica e portanto a área florestal foi reduzida da forma que se vê com toda a lógica do crescimento exponencial das populações. Não nego que isso seja verdade, mas visto desta forma:
Se a população portuguesa tem tendência a diminuir, então a partir de agora nunca mais se deve derrubar uma única árvore que seja para construir no nosso país.
É isso que está a acontecer?
Claro que estou a exagerar, mas em termos estratégicos, e mesmo para impedir as desertificações (urbana e de recursos), as medidas de fundo devem ser tomadas no sentido de restringir a ocupação de novas áreas por construção. Ainda estamos muito longe desta lógica.
Cheguei há pouco tempo de um treino de andebol, algo que já não acontecia há oito ou nove anos. Não vou aqui falar do meu modesto treino nem do meu sobrecarregadíssimo horário de actividades extra-curriculares, vou antes falar do estado actual do andebol.
Para quem não está muito dentro do assunto, existe um grande diferendo entre a Federação de Andebol de Portugal (FAP) e a Liga de Clubes. O autoritário presidente da Federação recusa-se a atribuir os campeonatos profissionais à liga como acontece por exemplo no Basquetebol e no Futebol. Esta birra retrógrada tem sido ultrapassada com protocolos de cortar à faca feitos em cima da hora com o patrocínio do Secretário de Estado do Desporto. No entanto, este ano, o Presidente da Federação tomou medidas drásticas e não permite que os seus árbitros dirijam os jogos da liga. Resultado: sem árbitros não há jogos, sem jogos não há campeonatos e os jogadores que se entretenham nuns torneiozitos quaisquer a jogar contra a parede. Temos agora os melhores jogadores portugueses, que levaram a selecção a mundiais e a europeus a jogar ao meiinho.
Hoje, para assinalar o meu regresso a este desporto, fizeram-se audições parlamentares ao presidente da Federação e ao Presidente do Instituto do Desporto. Os deputados parecem remar no mesmo sentido e aprestam-se a retirar a utilidade pública à federação. A FAP responde que não precisa de subsídios para nada. O que fazer?
Esperar que ele se reforme.
Foi há um ano. Na altura escrevi este post. Não me senti em casa, mas hoje, 366 dias depois posso dizer que aquele lugar 14 é meu. Em 18 jogos oficiais, o porto venceu 13 e empatou 5, nunca perdeu. Lá também se fizeram 5 jogos do inesquecível Euro 2004.
Desses 23 jogos, assisti a 18.
17 do FCP e a inauguração do Euro 2004.
Em nenhum deles a equipa azul perdeu.
No âmbito de uma cadeira da faculdade, pedem-nos para fotografar uma aberração urbanística por semana. Cada um leva a sua e por democracia elege-se a Aberração da Semana.
Na primeira semana, por ex aequo ganharam:
O isqueiro da Maia, por Miguel Torres.
Os bancos com vista para a Rotunda dos Desportos em Valongo por Mafalda Ferreira
O Centro Comercial da 2ª Divisão B vive de frente para o IC1 e de costas para as povoações vizinhas, algo que não é novidade para ninguém. Nem mesmo para aqueles que sempre disseram que o outlet é um pólo de desenvolvimento para a região norte (!).
Pouco me importa, para quem cá vive é mais positivo o trânsito ficar pela nacional e pelo IC1 do que invadir as ruas. Para sair e entrar nas localidades, quem é de cá conhece atalhos suficientes para não se meter na confusão e a perda de tempo é mínima (não me perguntem quais são, não vos vou dizer). O problema existiria se estas enchentes fossem eternas (e como já expliquei não vão ser) e se as acessibilidades ao parque Nassica fossem más (e não vão ser quando acabarem o nó). Espero assim continuar a viver sossegado, longe da confusão. Aliás, pouco antes de ter tirado estas últimas fotografias estava uma praia fantástica e deserta. Por isso, espero que estes nossos amigos continuem a visitar o Centro Comercial da 2ª Divisão B e a deixar por lá os detritos que costumam invadir a minha praia.
A face negativa deste voltar de costas é a seguinte:
Uma Escola E.B. 2º e 3º Ciclo a uma distância muito curta. É fácil encontrar estudantes a circular pela estrada velha que liga Mindelo e Vila Chã. Esta estrada, com uma intensidade de tráfego elevada já antes da abertura do outlet, passou a ser frequentada pelos estudantes que têm tendência a visitar o Centro Comercial. A estrada não tem passeios, tem uma má visibilidade e à noite não tem iluminação. Atendendo a que por volta das 17h30 já é noite, o perigo será exponencial para os que pensam ir ao Shopping depois das aulas. Como se pode ver na imagem, estes estudantes nem sequer vão pelo lado correcto da estrada. Tenho muito medo que ocorra uma tragédia. É imprescindível a construção de passeios, não só neste local mas sobretudo neste local. À atenção da câmara, juntas de freguesia, professores e pais.
Depois de ter visto o espectáculo desta tarde, só posso fazer a pergunta do título deste post.
O que é que leva o ser humano a fazer uma coisa destas? Passar horas numa fila de trânsito para visitar um Centro Comercial da 2ª Divisão B num dia de um sol magnífico. É para isto que serve a vida? Porque existem tantos frustrados que cortam pedaços de vida em filas de trânsito para comprar umas peúgas 30% mais baratas? Terão saudades da VCI engarrafada à semana e aproveitam o domingo para a reviver?
Será que nunca viram o mar, uma montanha? Deve ser muito mais rápido e barato ir do Porto ao Gerês do que ao outlet, mas mesmo assim as pessoas preferem ter uma vida tão cinzenta como as paredes do centro comercial da 2ª Divisão B. E se estas pessoas pensassem, o que diriam ao final do dia? Serviu para alguma coisa este dia?
Serviu para alguma coisa esta vida?
O primeiro fim-de-semana em convivência com a Factory foi muito interessante.
Agradáveis filas de trânsito com dois ou três quilómetros na EN 13
Não menos agradáveis filas de quatro ou cinco quilómetros na IC1.
Afinal eu não tinha razão, a parte larga dos passeios é para os carros estacionarem e a da direita é que é o passeio. O sinal de pista para velocípedes também está enganado.
Do lado de Vila Chã, uma rua bem iluminada.
Apesar desta reportagem irónica, penso que os problemas de trânsito não serão o mais grave handicap do Parque Nassica. Quando o nó da IC1 estiver terminado, com o aumento de capacidade das estradas da zona, o problema não existirá. Agora, lá que houve uma inauguração à pressa, lá isso houve. Deviam ter acabado primeiro o nó.
Este foi o fim-de-semana do labrego, daquele português que vem ver tudo que há de novo com a boca aberta, sejam aviões a aterrar, acidentes na estrada ou um outlet. Nos próximos fins-de-semana, talvez até ao natal a romaria repetir-se-á. A partir daí nunca mais veremos este movimento descomunal.
Por agora é um problema de trânsito visível mas resolúvel, mas foi e sempre será um problema ambiental escondido.
A filosofia NIMBY existe um pouco por todo o mundo. NIMBY é um acrónimo de "not in my backyard". NIMBY é uma pessoa que é a favor da instalação de edifícios benéficos para a comunidade, mas que luta contra eles caso estes se estabeleçam na sua vizinhança/quintal. Todos nós somos um pouco NIMBY's, ninguém gostaria de ver uma auto-estrada a rasgar o quintal de sua casa, mas existem os NIMBY's ortodoxos que recusam tudo e mais alguma coisa.
Com todo este discurso contra a 2ª Divisão B, era legítimo que me chamassem NIMBY, por isso penso que devo esclarecer que sou contra qualquer tipo de construção que desrespeite as normas ambientais e que promova a ocupação de solo desmesurada. Tanto podia ser construida uma Nassica em Modivas como em Vila Real de Sto. António, que se estivesse a par da situação escreveria estes posts. Por outro lado, sublinho mais uma vez que não penso que este complexo beneficie a região, ao contrário, por exemplo, da Lactogal.
Nos últimos dias tem-se utilizado o campo de futebol como medida de área. Uma imprecisão científica?
Não, uma nova unidade muito mais perceptível aos nossos olhos. Imaginar 0,5 ha é complicado, ninguém sabe mais ou menos o que é, mas falar na área de um campo de futebol é algo que até quem não gosta do desporto entende. Sempre que possível utilizarei essa medida, admitindo por simplificação os tai 5.000 metros quadrados de 50x100 metros.
O corredor para bicicletas (que por ser um único tem dois sentidos) junto ao Centro Comercial da 2ª Divisão B tem 0,80m de largura.
Segundo as recomendações para o projecto e desenho das vias urbanas:
Corredores com 2 sentidos:
Largura mínima: 2,20m
Largura recomendável: 3,00m
Corredores com 1 sentido:
Largura mínima: 1,60m
Largura recomendável: 1,80m
Se eu acreditasse na reencarnação admitiria pôr um dia os pés na Nassica, mas como sou ateu...
Depois de ler este fantástico artigo no Público, pergunto:
O presidente da Câmara está a assumir a sua incompetência ou a má fé da Autarquia?
Eu tinha vergonha.
Este é o nome de Yasser Arafat para os Palestinianos. Não foi um pacifista que morreu e é por aí que a minha admiração por este homem se reduz. No entanto foi um lutador, que morreu após ter construido uma grande obra, mas sem alcançar o seu máximo objectivo. No entanto, ninguém o pode considerar um derrotado. É muito mais fácil ter armas de ponta e os Estados Unidos na retaguarda do que atacar com pedras e ter o Deus em que acreditam na retaguarda. Talvez por isso tantos europeus nutram simpatia pela causa palestiniana, por isso e pela razão insofismável de um povo que viu ser retirado o território onde sempre viveu, seguindo-se a construção de um muro tão cobarde como o de Berlim. Foram o muro, a prisão e a teimosia de um lutador que mataram Abu Ammar.
Recebi um comunicado conjunto de várias organizações ambientais, incluindo os Amigos do Mindelo, sobre a instalação do Centro Comercial da 2ª Divisão B em Mindelo/Modivas. Recorde-se que este Shopping, inaugurado hoje, prevê a ocupação de 350.000 m2, 20 cinemas, uma daquelas típicas praças de alimentação, um outlet no estilo do de Grijó , escritórios, estação de metro, etc etc. Confesso que não me acredito que o projecto passe do outlet, acredito sim que daqui a uns anitos vai à falência, mas de qualquer modo ainda existe a péssima hipótese de tudo correr bem.
Este comunicado alega que não foi feito um único estudo de impacte ambiental antes da inauguração da primeira fase do projecto. Não penso que seja novidade para ninguém, aliás até é bem lógico que isso tenha acontecido. Porquê? Porque se o estudo fosse feito nunca teria sido aprovado um projecto deste género.
Já aqui referenciei o problema da desafectação das RAN's e disse que o caminho passa pelo aumento de áreas agrícolas e ecológicas e não pelo contrário. Neste caso toda a área pertencia a uma Reserva Agrícola Nacional (!) e toda ela foi desafectada.
350.000 m2 de área de RAN desaparecidos? Como é que ninguém repara nisto? Como é que não existe uma rebelião popular? Já agora, para onde vão as águas pluviais?
Também poderia falar no problema do trânsito, mas como o Parque Nassica vai ser um fiasco, acho que esse problema nem sequer vai ser posto.
O que é que os defensores do Centro Comercial da 2ª Divisão B (vulgo, Câmara Municipal de Vila do Conde) utilizam como argumentos? A criação de postos de trabalho. Com postos de trabalho deste género, com contratos precários, estarão a zelar pelos interesses das pessoas? E a viabilidade económica? Para quê contratar agora 1000 pessoas, se quando isto der para o torto vão todas para o desemprego meia dúzia de anos mais velhas?
Terei ouvido bem???
Rochemback:
- Vai levar no...
Peseiro
- Essas coisas resolvem-se no balneário.